“Então peguei ela no meu colo, e senti como ela gostou ficar nos meus braços, como querendo ficar quentinha no meu peito… ela olhou minha cara com esses olhos grandes. Toquei com minha mão sua pequena mão e pegou o meu dedo com força como se ela não quiser me deixar ir mais e, em seguida, eu soube. Eu soube que a coisa mais maravilhosa do mundo tinha chegado e as lágrimas caindo pelo meu rosto não eram o resultado de medo ou dúvida, mas eram de felicidade absoluta”.
Este parágrafo, ou um muito semelhante, eu tinha gravado na mente o dia em que minha primeira filha estava por nascer. Eu tinha ouvido este parágrafo em um filme (não me lembro em qual), e eu achava que algum dia ia ficar nessa situação de ser papai e sentir esse amor incondicional.
Esse dia finalmente chegou faz pouco mais de dois meses e, para ser honesto, não houve trombetas nem violinos, mas foi o dia mais feliz da minha vida.
Aqui está a sua filha
Pia Victoria nasceu numa tarde de domingo, parto natural em um hospital privado da Cidade do México.
Minha loucura por conhecer a ela começou exatamente no momento em que o Dr. Barrón me deu o traje cirúrgico azul e me disse “Miguel já vai começar o processo de parto da sua esposa, eu vou entrar para preparar ela na sala, eu quero que você use essas roupas e entre com o Dr. Vicencio para a sala em 10 minutos”. O meu coração estava quase saindo do meu peito, meus ouvidos quase não estavam ouvindo, causa da pressão que estava sentindo nesse momento. O Dr. Vicencio, quem era o pediatra, me deu o uniforme para começar a me vestir e entrar na sala de parto.
Entrei na sala de parto e minha esposa já estava empurrando para pegar ao bebê. Eu não podia tocar ela, porque ela estava numa área desinfetada para o parto. Na sala estavam muitas pessoas ajudando ao Dr. Barrón quem era o ginecólogo e chefe do grupo de parto. Não sei se foi pouco tempo o se passaram muitos minutos mas eu estava somente com um pensamento na minha mente “por favor, meu Deus, que todo saia bem”, o Dr. Barrón me falou, “Miguel venha aqui, ¿você pode ver aquilo?, isso é a cabecinha da sua filha, essa bolinha de cabelo que se olha lá é a sua filha, ela já está chegando”. Tenho certeza que as lágrimas não saíram, mas nos meus olhos foram inundados em um segundo.
E de repente o Dr. Barrón disse para os seus ajudantes, “Pia está chegando, Andrea eu preciso de você para empurrar com toda a sua força porque nesta Pia vai sair” todo mundo estava atento e fazendo todo o que o DR. Barrón disse, foi um piscar de olhos quando escutei o choro da minha princesa, aquele que até hoje não tinha esquecido, o Dr. Vicencio pegou ela para limpá-la toda. Ele somente disse “parabéns papai, aqui está a sua filha, ela é muito linda e parece que tem muita saúde, ela tem nota 9.9 (no México existe uma calcificação chamada APGAR que os pediatras colocam nos bebes ao nascer. Esta calcificação mede 5 critérios em uma escala de zero a cinco e a soma destes da uma pontuação que varia de zero a 10 e leva um minuto. A sigla significa Aparência, Pulso, Gesticulação, Atividade e Respiração)”, um 9.9 é muito bom, os médicos nos falaram que ninguém tem nota 10. Fiquei papai coruja nesse momento, um papai babão por minha filha, queria ter ela no meu colo, no meu peito e não deixar nunca, mas ainda os médicos tinham que fazer alguns estudos nela. Enquanto minha esposa ficou na sala de parto para limpar ela e suturar tudo aí, o Pediatra me chamou para eu acompanhar ele e a minha filha numa sala de bebes e aí me fazer algumas perguntas de seguimento.
Depois de alguns minutos eu caminhei para o quarto onde levariam a minha esposa e a minha filha, esperei com os meus sogros e minha cunhada lá, e quando elas chegaram a família nos abraçamos e ficamos assim por muito tempo, primeiro em silencio agradecendo à vida, a Deus e depois olhando a beleza da nossa filha.
E nada foi como nos filmes, foi muito, muito melhor.
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